quinta-feira, 15 de março de 2012

Entrevista com uma Personalidade.

Hoje bem cedo, por volta das seis e meia da manhã, eu estava próximo a uma obra de um supermercado esperando para falar com o mestre de obras.

Aproximou-se uma picape Fiat Strada e estacionou próximo a mim.

Na caçamba vi algumas caixas de papelão e bem perto havia uma pilha de caixas amontoadas pelo supermercado.

Dirigia a picape uma senhora que desceu da cabine com problemas em uma perna.

Puxei prosa:

- Puxa! Você está apanhando caixas com uma picape!

- É sim senhor, estou desempregada e a gente tem que se virar. Já deixei minhas crianças na escola e agora vim apanhar essas caixas.

- Faz muito bem é preciso ter iniciativa.

Passado algum tempo, enquanto apanhava as caixas de papelão, as abria e as colocava na caçamba, ela iniciou um papo comigo:

- O senhor sabe porque noventa e oito por cento das pessoas deste mundo são pobres?

- Não faço a mínima idéia.

- É porque elas não se viram. Não têm iniciativa, não correm atrás.

- É verdade, mas como a senhora descobriu isso?

- Meu pai sempre dizia que nada ia dar certo. Se ele me visse apanhando caixas ia me criticar e falaria para parar de fazer isso, pois não ia dar certo.

- Quer dizer que seu pai a puxava para baixo?

- O tempo todo, ele não dizia nada que preste!

- E como que a senhora aprendeu a pensar assim positivamente?

- A gente precisa pensar positivo! Eu gosto muito de ler, eu leio muito. O senhor precisa ler um livro chamado O SEGREDO e tinha que ler também O PAI RICO PAI POBRE.

Notei que além de apanhar os papelões e as caixas, ela também juntava os plásticos e colocava na caçamba.

- Plástico também? Dá para vender isso?

- Sim, paga mais do que o papelão. Mas não é todo plástico que serve, esse plastico que estala não serve, é lixo.

E continuo ajuntando tudo e colocando na caçamba.

- O senhor sabe por que tem gente que é rica? Eu fiz uma pesquisa, tem gente que perde tudo que tem, mas arregaça as mangas e diz: “Não vai ficar assim não, vou sair dessa.” Eu já bati cimento e se precisar faço isso de novo. “Tô” catando papelão até as coisas melhorarem, depois vou fazer outra coisa.

Apanhou o que havia, depois se despediu e foi-se embora.

É claro que não lhe contei que troquei idéias com os participantes do filme O SEGREDO e montei um curso a respeito; também não lhe contei que fui um dos primeiros brasileiros a ler as obras do Kiyosaki e que tenho uma coleção de livros dele.

Tudo isso era irrelevante para ela, o importante é que eu acabara de conhecer uma personalidade e que essa mulher pode até ter menos dinheiro do que eu, mas não é mais pobre do que eu.